Preços de telecomunicações são dos mais caros da Europa
Uma análise às operadoras de telecomunicações publicada esta semana pela entidade que regula o setor, a Anacom, mostra que preços são mais elevados em Portugal do que na média europeia. O relatório de 52 páginas conclui que “todos os estudos elaborados pela Comissão Europeia, pela OCDE e pela UIT, evidenciam que os preços dos pacotes de serviços e das ofertas individualizadas de banda larga fixa e de banda larga móvel em Portugal estão acima da média da UE”.
E a tendência não é de aproximação: “os últimos dados disponíveis revelam que, entre o final de 2009 e abril de 2020, os preços das telecomunicações em Portugal aumentaram 7,7%, enquanto na União Europeia diminuíram 10,4%”.
O estudo da Autoridade Nacional de Comunicações desmente assim um outro, que tinha sido elaborado o ano passado e encomendado à Deloitte pela associação das operadoras do setor, a Apritel, que alegava que os preços eram 34% inferiores à média europeia. Na altura, Pedro Mota Soares, secretário-geral da Apritel, gabava-se de que “Portugal tem os segundos preços mais baratos da Europa quando comparado o poder de compra entre os diferentes países”.
O estudo da Anacom baseia-se em dados da União Internacional de Telecomunicações. Diz a Anacom que “os resultados apresentados em termos de percentagem da média mensal do rendimento nacional bruto per capita colocam Portugal numa posição muito desfavorável no conjunto dos países da UE28”.
O país está em 25º lugar nos preços de banda móvel, em 21º dos de banda larga fixa e entre 11º e 18º em serviços de voz e internet no telemóvel, sendo que, neste caso, os preços são muito variáveis consoante os serviços contratualizados.
Para além disso, a Anacom explica que a maioria dos pacotes propostos pelas operadores traz apegado um serviço que as pessoas não usam: o telefone fixo. Segundo o estudo, apenas 65% das famílias o uso e a inclusão deste nos preços é uma forma de fazer subir mensalidades.
O regulador diz ainda que, os operadores portugueses disponibilizam um grande número de canais o que lhes sai barato. A mensalidade é maior consoante o número de canais do pacote, apesar destes não terem utilidade para o consumidor e apesar da “a maioria dos utilizadores tender a assistir a um número muito reduzido de canais de forma regular”. As empresas não propõem pacotes com “menor número de canais, menos minutos, menos tráfego internet, ou menos SMS” mas isso “não significa que não existam utilizadores interessados neste tipo de ofertas”.
Fonte: www.esquerda.net