O impacto da Covid-19 no setor de telecomunicações
Em função do impacto da pandemia da Covid-19 em vários setores da economia, a KPMG lista as principais tendências, desafios e os padrões de retomada para o setor de telecomunicações no Brasil e no mundo. De acordo com o sócio líder de telecomunicações da KPMG no Brasil, Gustavo Massuia, o setor de telecomunicações foi impactado pela interrupção do mercado causada pela Covid-19, principalmente na orquestração para manter os serviços funcionando com um volume muito superior de tráfego de dados na rede e fazendo, também, com que os executivos das grandes operadoras repensassem os investimentos a serem disponibilizados, uma vez que os efeitos da crise prejudicarão os resultados das empresas, atingindo inclusive o Ebitda.
“Quando falamos do Brasil, os impactos gerados se referem, principalmente, à manutenção do funcionamento das operações, uma vez que esse é um serviço considerado essencial e que não pode sofrer interrupções, bem como um potencial aumento na inadimplência”, analisa.
Confira, a seguir, os principais impactos da pandemia para o setor de telecomunicações segundo o sócio da KPMG:
Aumento significativo da demanda por banda larga – desencadeado principalmente pelo crescimento do home office, educação à distância, uso de serviços de streaming e entretenimento em casa, como shows através de lives via plataformas digitais (YouTube, Instagram, Tik Tok), consumo de filmes e séries, além de consumidores isolados, que passaram a se comunicar com amigos e familiares através de aplicativos como Zoom, Whatsapp, Teams, etc. Essas atividades direcionaram volumes grandes de tráfego para serviços de voz e dados (videoconferência, streaming, jogos, VPN e outros tipos de tráfego).
Possível aumento da inadimplência – o que deve desencadear numa diminuição das receitas, restrição de caixa e revisão de dívida, que podem atingir, especialmente, os pequenos provedores.
Mobilidade – Os padrões de mobilidade mudaram radicalmente, uma vez que grande parte da população permanece em casa, cumprindo as regras de distanciamento social. Essas mudanças têm implicações tanto nos projetos e planejamentos de redes, mas também nos processos de gerenciamento operacional das operadoras.
Tráfego de voz – No atual cenário, o tráfego de voz aumentou e os padrões também mudaram. Há um crescimento na utilização da telefonia fixa e, também, nos serviços de voz por WI-FI.
Transmissão de conteúdo estático e de vídeo ao vivo aumentaram drasticamente – A Nielsen US estima que os minutos transmitidos pelas TVs americanas aumentaram 85% em relação a março de 2019. Já o fundador do Zoom, Eric Yuan, postou em um blog, no dia 3 de abril, que o Zoom tinha mais de 200 milhões de participantes diários em março, em comparação com um pico de 10 milhões em dezembro de 2019 – ou seja, há uma nova demanda significativa nas redes das operadoras de telecomunicações. Quando observamos os resultados da Netflix em comunicado divulgado no dia 21 de abril, vemos que 15,76 milhões de novos assinantes ingressaram à base da companhia apenas nos três primeiros meses deste ano. Esse crescimento de novos associados em todas as regiões onde a Netflix possui operação foi acelerado temporariamente devido ao confinamento em casa.
A diminuição dos conteúdos das TVs por assinatura – vem acelerando o cancelamento das assinaturas e aumentando o tráfego nas redes de telecomunicações na entrega de conteúdo: Um levantamento do eMarketer estima que as residências que possuem TV a cabo contratada caíram 6,5% em 2019. Essa tendência pode aumentar à medida que mais consumidores experimentem aplicativos de streaming e reequilibrem os orçamentos devido ao aumento do desemprego, ou abandonem a TV por assinatura devido à perda de programação esportiva, como as Olimpíadas, campeonatos nacionais de futebol, Champions League, Libertadores, NBA, entre outros.
Já no que se refere ao cenário de retomada para o setor pós covid-19, para o sócio-líder em Regulação para Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG, Marcelo Ribeiro, as empresas devem começar a trabalhar em estratégias estruturando ações imediatas, com intuito de reduzir os custos desnecessários, dar confiança aos clientes e funcionários, além de garantir a continuidade dos negócios pautados nos “quatro C’s”: cliente, dinheiro, custo e capital.
Neste cenário, segundo ele, é preciso levarem conta as seguintes questões:
- Para o perfil de consumo: ajustes nas políticas de preços, políticas de renovação, monitoramento da qualidade do serviço sob novos padrões de uso, atualização dos programas e modelos de retenção dos clientes para minimizar o Churn (taxa de rotatividade), adaptar as ofertas e atividades de aquisição para alterar condições e comportamentos, além de transformar a relação com clientes pelos canais digitais com menor dependência humana.
- Fluxo de caixa, custo e capital: avaliação das oportunidades de financiamento da dívida, monitoramento do capital de giro, avaliação da economia de custos de curto prazo (por exemplo, gastos de marketing discricionários), além da revisitação dos planos de investimento de capital de rede à luz da mudança nos padrões de demanda e uso, ajustando o mix e as mensagens de publicidade e gerenciando proativamente as despesas com dívidas incobráveis.
- Gerenciamento da pressão regulatória e política para manter prestação dos serviços . –
- Tomada de ações resultantes da avaliação de novas oportunidades que surgem à medida que os clientes e o mercado se instalam em uma ‘nova realidade’, como: iniciativas para melhor atender às necessidades dos clientes que aumentam permanentemente com atividades de trabalho em casa (home office), aprendizado remoto e crescente demanda por entretenimento, além da adaptação do conceito para as lojas de varejo, subsídios e modelos de distribuição.
“Todas essas mudanças no comportamento do consumidor, e consequentemente do mercado, podem forçar uma reavaliação das principais estratégias e planos de investimentos, incluindo os planos de integração das redes, de conteúdo e projetos para as redes 5G. Por isso, muitas empresas de telecomunicações estão focadas nas questões de curto prazo, como, por exemplo, lidar com o fechamento das lojas próprias e de parceiros, identificar as ações para mitigar o impacto da pandemia, interrupções das assinaturas de clientes, realizar alterações nos planos de preços dos produtos e serviços e entender as principais mudanças regulatórias estabelecidas pela ANATEL, através do programa “Manutenção do Brasil Conectado” para as operadoras brasileiras”, conclui Ribeiro.
Já no que se refere ao cenário de retomada para o setor pós covid-19, para o sócio-líder em Regulação para Tecnologia, Mídia e Telecomunicações da KPMG, Marcelo Ribeiro, as empresas devem começar a trabalhar em estratégias estruturando ações imediatas, com intuito de reduzir os custos desnecessários, dar confiança aos clientes e funcionários, além de garantir a continuidade dos negócios pautados nos “quatro C’s”: cliente, dinheiro, custo e capital.
Neste cenário, segundo ele, é preciso levarem conta as seguintes questões: ajustes nas políticas de preços, políticas de renovação, monitoramento da qualidade do serviço sob novos padrões de uso, atualização dos programas e modelos de retenção dos clientes para minimizar o Churn (taxa de rotatividade), adaptar as ofertas e atividades de aquisição para alterar condições e comportamentos, além de transformar a relação com clientes pelos canais digitais com menor dependência humana.avaliação das oportunidades de financiamento da dívida, monitoramento do capital de giro, avaliação da economia de custos de curto prazo (por exemplo, gastos de marketing discricionários), além da revisitação dos planos de investimento de capital de rede à luz da mudança nos padrões de demanda e uso, ajustando o mix e as mensagens de publicidade e gerenciando proativamente as despesas com dívidas incobráveis. – que surgem à medida que os clientes e o mercado se instalam em uma ‘nova realidade’, como: iniciativas para melhor atender às necessidades dos clientes que aumentam permanentemente com atividades de trabalho em casa (home office), aprendizado remoto e crescente demanda por entretenimento, além da adaptação do conceito para as lojas de varejo, subsídios e modelos de distribuição.
“Todas essas mudanças no comportamento do consumidor, e consequentemente do mercado, podem forçar uma reavaliação das principais estratégias e planos de investimentos, incluindo os planos de integração das redes, de conteúdo e projetos para as redes 5G. Por isso, muitas empresas de telecomunicações estão focadas nas questões de curto prazo, como, por exemplo, lidar com o fechamento das lojas próprias e de parceiros, identificar as ações para mitigar o impacto da pandemia, interrupções das assinaturas de clientes, realizar alterações nos planos de preços dos produtos e serviços e entender as principais mudanças regulatórias estabelecidas pela ANATEL, através do programa “Manutenção do Brasil Conectado” para as operadoras brasileiras”, conclui Ribeiro.
Fonte: https://tiinside.com.br/